quarta-feira, 27 de abril de 2011

Ilusão




Disseste-me uma vez:


" Queria tanto ter-te perto de mim, fazes-me falta…"


Eu acreditei...


Agora vejo que me mentiste no meio dos silêncios sentidos


na ausência fúnebre da tua perpétua sombra.


O tempo não apaga nada


Outra mentira.


A revolta sempre volta de bisturi e gestos cirúrgicos,


a horas certas,


em cada imagem dorida na saudade inquieta da memória.


Porque me mentiste?


Responde!


Porquê?


Caminho pisando as flores,


que ficaram lembrando as dores,


após a tua passagem...


Eram como rosas


tão perfumadas,


aquelas que me ofertavas


como provas de teu amor…


Mentiras, apenas mentiras…


Tenho pena ao saber que mentiste,


fingindo o que sentiste!


Em ti eu acreditei...


Não sabia que tu fingias


Um amor que não sentias...


Magoas-te o meu coração!


Foste em busca de falso carinho,


disseste que te sentias sozinha…


mas ignoraste o amor que eu te dei.


Um dia vais perceber


o valor que tu não deste


ao amor que eu te dediquei!


O que tive por ti não foi paixão,


mas sim uma ilusão.


(Moonwisher)

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terça-feira, 19 de abril de 2011

Amar...



Houve alguém que me disse que, se calhar, não sabe o que é o Amor ou Amar…


Eu explico-te:


Se conseguires, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...


Se achares a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...


Se não conseguires trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...


Se não conseguires imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...


Se conseguires imaginar que vais ver a outra a envelhecer, mesmo assim, tiveres a convicção que vais continuar a ser louco por ela...


Se preferires fechar os olhos, antes de ver a outra a partir: é o amor que chegou na sua vida.


Se souberes que, quando precisares de alguém, aquela pessoa vai lá estar, mesmo que tenhamos a magoado de morte.


Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.


Às vezes encontram e por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.


Amor é um destino feliz ao fim de um caminho difícil por uma estrada sem atalhos.


Amor é quando a esperança tem paciência.


Amor é coleccionar detalhes.


Amor é quando se sonha acordado e só sabe que é verdade porque existe alguém ao lado sonhando o mesmo sonho que nós.


Amor é querer pertencer ao outro, não por submissão ou posse, mas por entrega.


Amor é a cada dia que passa estar sempre mais perto do início do que do fim. Amor é quando a solidão tem vontade de nós.


Amor é tentar se concentrar num filme, mesmo sabendo que ao nosso lado está a pessoa mais linda do mundo.


Amor é encontrar alguém que reúna os seus defeitos preferidos.


Amor é escrever sem saber que aquela pessoa não vai ler mas escrevemos para ela.


Amor é procurar roupas parecidas com aquela que ela elogiou.


Amor é aprender não só a fazer, mas a querer fazer.


Amor é ter sempre alguém na mente enquanto o corpo se esforça para fazer outras coisas.


Amor é convencer o outro a fazer o que será melhor para ele, nunca o que será melhor para nós próprios.


Amor é não desistir.


Amor é nunca se despedir, e isso é não ter fim.


Amor é quando a ausência não se faz presente, pois de algum modo se está sempre ali.


Amor é ter orgasmos não só no sexo.


Amor é dar sem exigir.


Amor é quando ao deixar alguém sentimos que deixamos a nós próprios.


Amor é perceber que a nossa felicidade é importante para o outro.


Amor é quando é simples de sentir, complicado de explicar e trabalhoso para se manter.


Amor é quando o nosso espírito descobre um abrigo e não é o nosso corpo. Amor é não nos contentarmos com pouco sem exigir mais do que o outro pode dar.


Amor é sentir a necessidade de ser sempre sincero.


Amor é quando dói mentir.


Amor é o infinito onde as paralelas do sentimento e do relacionamento deveriam, mas nem sempre se encontram.


Amor é o que se leva uma vida para acontecer e muitas outras para se esquecer. Amor é um estado raro em que em alguns casos a felicidade supera a reciprocidade.


E chega o tempo em que finalmente se aceita que o verdadeiro amor não é aquele que necessariamente se concretizou de verdade; o amor da nossa vida não é aquele que fica a vida toda por toda a sua vida; o amor que importa na nossa existência é o que nós sentimos por aquela só pessoa, por tanto tempo, anos e dias sem jamais pensar que desperdiçou um segundo sequer da nossa vida.


Amor é escolher sentir saudade.


Amor é, por fim, o que só nós próprios entendemos.


Amor… amor é estar sem estar, sentir sem tocar, respirar sem ar, ver sem olhar, entender sem explicar.


Isto tudo é o que eu sinto por ti… Será Amor?..Sim…Isto é Amor!!! Isto é Amar!!!


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segunda-feira, 18 de abril de 2011

Recebi mais do que dei...


Escrevo para saberem como se pode ajudar alguém nos ajuda a sermos pessoas melhores.

Escrevo para perguntar onde está a dignidade humana, onde estão os valores morais da nossa sociedade? Escrevo porque me sinto revoltado e desiludido… com o mundo, com a vida e com as pessoas, que conseguem ser surpreendentemente frias e cegas.


Numa manhã, enquanto tomava o pequeno-almoço num café, tristemente, apercebi-me que neste mundo, que se diz solitário, reina ainda a hipocrisia e o egocentrismo. Já não sei que horas eram, já não sei se foi hoje ou ontem, ou outro dia qualquer, já não sei o nome do café. Não, desculpem, não vos posso mentir. Sei muito bem as horas que eram, sei o dia em que foi e sei o nome do café, mas não é isso que importa. Antes pelo contrário, esses pormenores são insignificantes perante tudo o que aconteceu. Não houve nenhuma tragédia, nenhuma catástrofe natural, nem nenhuma morte. Houve, apenas, uma injustiça, uma profunda falta de humanidade e um olhar triste num rosto de um homem.


Sentado junto à montra, esperava que me trouxessem o pequeno-almoço e olhava para o infinito e desejava partir com ele para algum lugar longe, longe de tudo, longe de mim. Embora estivesse tão presente naquele local, a minha mente estava longe... À medida que estes e outros pensamentos me assaltavam a mente, entrou um homem alto, de cabelo branco e olhos claros. O casaco castanho evidenciava o passar dos anos, os óculos finos no rosto faziam-no mais magro, mais velho ainda, e as palavras, proferidas a medo, demonstravam óbvios problemas de expressão. Junto à montra daquele café, estavam dez ou onze pessoas, incluindo eu. Avançando por entre as mesas e por entre as cabeças baixas dos que, serenamente permaneciam incólumes no seu mundo, o homem foi pedindo dinheiro para comer alguma coisa mesmo ali. Mas, sempre que se aproximou de uma mesa, ninguém levantou o olhar e o enfrentou de frente. Cobardes, ninguém foi capaz de ver um retrato do mundo real. Hipócritas, preferiram ignorá-lo a dar-lhe algum tipo de resposta. Desumanos, mantiveram-se intocáveis nas suas redomas de vidro, julgando-se felizes talvez, como diria Pessoa.


Por fim, veio ter comigo. Os seus olhos azuis eram bonitos, lembravam a maresia, mas, faltavam-lhe o brilho. E a essa ausência juntava-se-lhe, talvez, a desilusão e o cansaço. Paguei-lhe o pequeno-almoço. Ele sentou-se na minha mesa, enquanto as pessoas em redor olhavam com desprezo, como se estivéssemos a cometer algum tipo de crime. Veio o empregado, pegou-lhe no braço a tentar levanta-lo bruscamente. Eu levantei-me e disse: “O senhor está comigo!” Com um olhar doce mas magoado, como que habituado a situações destas, tocou-me na mão e disse: “Sorria… chega de tristeza, sorria”.


Olhei-o nos olhos e disse-lhe: “Não estou triste…”


Ele sorriu e replicou: “De tristeza percebo eu…”


Aquela pessoa, ignorada por todos, foi a única pessoa que reparou que eu estava ainda mais triste do que ela…


Pediu com uma voz em tom baixo e envergonhado um galão (bem quente) e bolo de arroz.


Retribuiu-me contando-me um pouco da sua vida, ainda curta, mas já dorida e envelhecida.


Fiquei a olhar para as pessoas que passavam, enquanto escrevia num pedaço de papel o nome de alguém…


Pouco depois, senti a sua mão na minha. Olhei para ele nos olhos e deixei cair uma lágrima…


Ele sorriu e disse: “Eu sei que essa lágrima não por causa da minha história… Não olhe tanto lá para fora… ela não vai passar…”


Fixei-o nos olhos e disse-lhe “Pois não…”


Apontando para o meu coração e para o papel disse: “Tem que olhar mais cá para dentro…é aqui que a paisagem é bonita… é aqui que ela está! Conheço esse olhar menino…”


Quando saiu, agradeceu-me pelo gesto que tive, e, de barriga e alma cheias, partiu com um brilho nos olhos, a olhar para trás e a apontar para o coração com um gesto de quem segura algo precioso…


Fiquei a vê-lo desaparecer ao longo da avenida.


Desconheço o seu nome… desconheço o seu rumo… desconheço o seu futuro. Mas sei que ele me deixou mais rico.


Ele ajudou-me muito mais do que eu a ele… muito mais.


Obrigado…

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sábado, 16 de abril de 2011

Voltei...



Escrevo...


Escrevo do como que sinto


sobre o meu estado de espírito.


Escrevo num dia parado


com o coração magoado


mais uma vez mal tratado.



Escrevo...


Escrevo num dia chorado,


triste e amargurado.


Escrevo a chorar


dormente e cansado


de tanto pensar.



Escrevo...


Escrevo para não gritar


para não sair, para não ficar.


Escrevo para não sentir


para não fugir


para não desistir.



Escrevo...


Escrevo mas não digo...


apenas desabafo e sigo


Ando com as ideias à volta


sentimentos de revolta


que nem respirar já consigo.



E escrevo...


Escrevo contido...


Escrevo sem sentido...


Escrevo...


(Moonwisher)

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